quarta-feira, 9 de novembro de 2011

    Boa tarde!
Informo que ainda temos vagas para o curso abaixo:

       Produção Artesanal de Alimentos
Beneficiamento, transformação e        conservação de pescados
16 e 17/11/2011
2 dias (16h)






                                                                     



      OBERVAÇÕES:
·         Os cursos são gratuitos, com número de vagas limitado;
·         Para participar é necessário ter mais de 18 anos;
·         Os cursos destinam-se SOMENTE para TRABALHADORES RURAIS, PRODUTORES RURAIS E SUAS FAMÍLAS(ESPOSA E FILHOS/FILHAS). É necessário comprovar o vínculo com a atividade rural, apresentando a cópia do último Imposto Territorial Rural (ITR) para o Produtor(e Família) e a Carteira de Trabalho para o Trabalhador Rural (empregado);
·         Para fazer a sua inscrição, procure o Sindicato Patronal Rural de seu município ou o escritório regional do SENAR-PR em sua região, munido dos documentos acima exigidos e do RG ou CPF;
·         Para maiores informações, entre em contato com a administração do Sindicato pelo telefone  44 - 3243.1000 ou 8838.3123 ou ainda na nossa sede, Av. 7 de Setembro, 281 falar com Ozias.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Novo projeto do Código Florestal é votado em duas Comissões

NO SENADO

Novo projeto do
Código Florestal é votado
em duas Comissões

Deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR) diz acreditar que não haverá dificuldades para a aprovação da matéria

    O novo projeto do Código Florestal Brasileiro tinha previsão de começar a ser votado nesta terça-feira (8), a partir das 8h30, nas Comissões de Agricultura e Reforma Agrária e da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática do Senado, onde é relatado pelo senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC). O projeto já foi aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, quando sofreu alterações de mérito para evitar conflitos com a Constituição Federal e melhorar a sua juridicidade. A proposta de reforma do Código foi aprovada em maio pelo Plenário da Câmara Federal (410 a 63).

  PREVISÃO - Informa o deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR) que depois de passar por essas duas comissões o novo projeto seguirá para a Comissão de Meio Ambiente, a última comissão antes de ser votado no Plenário do Senado. Nesta comissão, o senador Jorge Viana (PT-AC) apresentará seu voto no dia 16, quando será concedido pedido de vista e marcada a votação do texto, previsto inicialmente para o dia 22. “Como os entendimentos no Senado estão em fase de conclusão, acredito que não haverá dificuldade na aprovação da matéria”, esclarece Micheletto, que foi o presidente da comissão especial para a reforma do CFB na Câmara Federal. (Assessoria deputado Moacir Micheletto)

Luiz Henrique da Silveira apresenta relatório do Código Florestal nesta terça a comissões do Senado

Notícia

Luiz Henrique da Silveira apresenta relatório do Código Florestal nesta terça a comissões do Senado 7/11/2011

Luiz Henrique da Silveira apresenta relatório do Código Florestal nesta terça a comissões do Senado

Comissões de Agricultura e Ciência e Tecnologia devem votar mudanças no novo texto Maíra Gatto

Seis meses após assumir a relatoria do Código Florestal sob desconfiança de ambientalistas e do governo, o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) entrega nesta terça, dia 8, o texto para votação nas comissões de Agricultura e Ciência e Tecnologia do Senado.Será o primeiro passo para aprovação da nova legislação, após a polêmica provocada durante os dois anos de tramitação do projeto na Câmara.

Autor de uma lei que reduziu as áreas de preservação permanente (APP's) em Santa Catarina em 2008 - e que está sendo contestada no Supremo Tribunal Federal -, Luiz Henrique fez mais de 30 alterações no projeto original dos deputados.

- Ele avançou em pontos importantes, mas ainda falta muito - salienta Raul do Valle, um dos coordenadores do Instituto Social-Ambiental.

Entre as mudanças, está a concessão de poder à Polícia Federal para fiscalizar a extração e o transporte de madeira, criando um cadastro nacional, e a fixação do prazo de seis meses para o governo criar um programa de incentivos financeiros para quem preservar. Além de apaziguar a relação com os ambientalistas, o senador se aproximou do governo, atendendo praticamente todos pedidos dos ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura.

- Teve semanas em que o Luiz Henrique esteve aqui quase que diariamente - explica o secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, Luis Antônio Carvalho.

Em sintonia com o senador Jorge Viana (PT-AC), relator do projeto na Comissão de Meio Ambiente, Luiz Henrique tentou evitar problemas nas votações, conciliando posições de produtores rurais e ambientalistas.

- Ele estabeleceu um ambiente diferente do enfrentamento que vinha tendo na Câmara. Criamos uma engenharia política que está permitindo o entendimento - diz Viana.

As negociações são fruto de 20 audiências públicas com ambientalistas, pesquisadores, agricultores, indígenas e inúmeros outros grupos afetados pelo novo Código. Em pelo menos oito reuniões com o governo, foi alterado metade do texto apresentado aos senadores no dia 25 de outubro. Caso seja aprovado nesta terça, o relatório ainda precisará ser avaliado pela Comissão de Meio Ambiente, para então ir à votação em Plenário. Ainda assim, o texto precisa retornar à Câmara para enfim ir à sanção presidencial.

Até lá, ambientalistas ainda defendem um endurecimento na regra que define futuras atividades autorizadas em APP's. A principal sugestão é a criação de uma lista com o que é permitido.A preocupação é que sejam incluídas atividades como novas plantações e pastagens, práticas que degradam o solo, aumentando o risco de enchentes e deslizamentos.

Outro pedido é a definição do conceito de agricultura familiar, para evitar que os grandes produtores sejam beneficiados com os itens direcionados aos pequenos.O governo ainda aguarda mudanças pontuais nos debates que ocorrerão nas próximas semanas, mas adianta que o texto atual não deve receber nenhum veto presidencial

- Do jeito que caminham as negociações, a tendência é de que haja um acordo em torno dos relatórios. Há uma identificação entre a posição do governo e a forma como as alterações estão sendo feitas - completa Carvalho.

O novo projeto
O que mudou

- Incentivos: Um novo capítulo no texto determina que o governo federal terá 180 dias para criar um programa de incentivos financeiros para quem preservar. Os benefícios podem vir através de isenções fiscais e crédito a juros facilitados.

- Embargo: O texto prevê que os órgãos ambientais deverão embargar áreas desmatadas. Pela redação anterior a medida "poderia" ser adotada.

- Renavam da madeira: Dá à Polícia Federal o poder de fiscalizar a extração e o transporte de madeira, criando um cadastro nacional desse tipo de negociação. Hoje quem atua na área são os governos estaduais.

- Consolidação de APPs: foi mantido com o governo federal o poder de legislar sobre o que pode ser considerado plantio consolidado em APPs. Quando assumiu a relatoria, Luiz Henrique defendia que a responsabilidade fosse dos Estados.

- Antes e depois: Dividiu o relatório em disposição permanente e transitória. A primeira, regula o direito ambiental no futuro. A segunda, o que foi feito no passado. A mudança dá mais segurança jurídica ao texto.

O que ainda é criticado
- Anistia: o texto garante que produtores de desmataram APPs até 22 de julho de 2008 regularizem a situação, sem o pagamento de multas.

- Novos desmatamentos: com a aplicação do conceito de pousio (tempo em que a atividade agrícola pode ficar suspensa para recuperação do solo) por até 10 anos, dá margem para o surgimento de novos desmates em área que já estão em processo de recuperação.

- Agricultura familiar: pelo texto estão dispensados de recompor a reserva legal donos de propriedades de até quatro módulos. Ambientalistas defendem que a medida deve valer apenas para agricultores familiares, evitando o beneficiamento de grandes produtores.

Fonte: Canal Rural

O novo Código Florestal


O novo Código Florestal

Glauber Silveira da Silva

Após três anos de discussões o novo Código Florestal está em fase de conclusão no Senado federal e deve sair de lá mais maduro e com um texto melhorado


Após três anos de discussões o novo Código Florestal está em fase de conclusão no Senado federal e deve sair de lá mais maduro e com um texto melhorado. Os senadores fizeram um belo trabalho no texto que veio da Câmara dos Deputados, saneando duvidas e controvérsias. Na avaliação de especialistas houve uma evolução do texto que veio da Câmara. Para a sociedade e seus representantes as informações também estão ficando mais claras.

Hoje, todos começam a entender que o novo Código não representa anistia a produtores, busca resolver o passado. É preciso reconhecer a mudança da lei ao longo do tempo. Desde sua promulgação em 1965, o texto sofreu diversas alterações e emendas, tornando o cenário incerto para o produtor. Muitos dos que são criticados por desmatamento ilegal converteram vegetação num contexto diferente, dentro da lei da época, conforme era permitido.

O passado tem problemas que precisam ser resolvidos, problemas legais que foram criados por uma medida provisória que nunca foi votada, que é a MP 2166, MP esta que fez uma confusão legal e nenhuma contribuição deu ao Meio Ambiente.

Vale dizer também que a abertura de novas áreas em determinadas regiões brasileiras foi estimulado pelo Estado brasileiro. Exemplo disso foi o projeto PRODECER, que incentivou a ocupação do Cerrado.

Uma das melhorias importantes que o novo Código Florestal traz é referente à consolidação das áreas já abertas até 2008. Nas legislações vigentes não temos regras claras para resolver isso, ou seja, como o passado se ajusta a nova lei? Se um produtor abriu sua propriedade em 1940 e agora precisa se ajustar, pois as regras ambientais mudaram, como fazer? Este também foi um grande avanço no Código Florestal em discussão no Senado, ele cria regras para esta transição.

É importante frisar a diferença entre o reconhecimento de áreas consolidadas - como Áreas de Preservação Permanente (APP) onde predominam culturas de café, maçãs e arroz - com novos desmatamentos, já que o novo Código manterá as obrigações de Reserva Legal e de APPs.

Outro avanço com relação às APPs (Áreas de Preservação Permanente) refere-se à regra que limita a intervenção nas áreas protegidas para a hipótese de: utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental. Sendo assim, se for de interesse nacional construir uma estrada, uma ferrovia, uma usina hidrelétrica, estes poderão estar em APP, desde que sigam as regras de redução do impacto ambiental.

As atividades agrosilvopastoris, de ecoturismo e turismo rural em APP serão conferidas exclusivamente para atividades consolidadas até julho 2008. Este foi um avanço importante para a economia do Brasil, já que muitas atividades, como por exemplo, a fruticultura, o café, entre outros estão em áreas consideradas APPs (importante salientar que APPs não são só margens de rios, inclui também topos de morros). Claro que para a consolidação dependerá de leis estaduais, zoneamentos ambientais, que criem regras para esta consolidação ou recomposição. E o Estado deverá apresentar um plano que contemple a mitigação do risco ambiental.

Ao contrário do que muitas ONGs estão afirmando o texto é claro: não será permitida a abertura de novas APPs para atividades agrosilvopastoris.

É importante deixar claro que o setor rural está aceitando o que as ONGs pediam na MP 2166, tanto que o novo Código Florestal não altera os percentuais das margens dos rios. Mantem as APPs com os 30 metros - o que é justo e deveria ser para o mundo todo, e não só no Brasil. A nova Lei não muda o percentual de Reserva Legal, para MT o cerrado continua com a preservação de 35%, sendo assim um produtor que tem 1.000 hectares deverá manter preservado 350 hectares de área. Em relação ao bioma Amazônico também se mantem os 80% de Reserva Legal, e se o produtor tem uma propriedade de 1.000 hectares tem que preservar 800 por sua conta, vigiando, impedindo que terceiros retirem árvores, impedindo que o fogo a queime.

O cômputo das APPs com vegetação nas áreas exigidas de Reserva Legal também é uma medida interessante, pois, em muitas propriedades, a soma das áreas de RL com APP representam um percentual muito grande de terra, podendo tornar inviáveis as atividades econômicas nelas. O cômputo conjunto seria um bom incentivo para recuperar a vegetação das APPs.

Algumas ONGs dizem que o cômputo da APP na Reserva Legal vai permitir novos desmatamentos e isto não é verdade, pois a Reserva já averbada não poderá ser desmatada. O que tiver de sobra da área em virtude do cômputo da APP servirá apenas para fins de regularização, compensação ambiental.

A aprovação do novo Código é uma oportunidade para que os produtores saiam da ilegalidade e adequem suas propriedades à legislação, recuperando ou compensando o que for devido. E isso interessa aos produtores, então, quanto antes for aprovado o texto melhor.

A fama criada de que os produtores rurais agem de má-fé e desmatam porque sabem que passarão impunes é uma afirmação equivocada e coloca todos aqueles que trabalham e querem continuar trabalhando em conformidade com as regras no mesmo ‘balaio’ dos que agem de maneira errada. E todos sabem que estes casos são isolados e não representam a maioria dos agricultores do nosso país.

Já com relação ao desmatamento zero, o setor agrícola defende que o aumento da produção ocorra, nas próximas décadas, em áreas já abertas e com solos aptos. Ao mesmo tempo, defendemos que a recuperação de pastagens deverá liberar áreas para outras culturas.

No entanto, falar em desmatamento zero é discurso demagógico, já que, mesmo intensificando pasto e aumentando a produtividade da agricultura, algumas áreas deverão ser convertidas a longo prazo para garantir a segurança alimentar do país. Mas isso será feito de forma gradual, estratégica, e de acordo com a lei. Somos contra o desmatamento ilegal, sem autorização e fora dos limites estabelecidos.

O próprio texto do novo Código não irá institucionalizar a Moratória da Soja, pois a partir do momento que as regras estiverem claras e definidas, o produtor que estiver em conformidade com a lei poderá fazer uso da sua terra, podendo produzir dentro dos limites estabelecidos, com segurança jurídica.

O novo Código não visa a abrir espaço para mais desmatamentos, mas sim readequar a Lei atual, que foi continuamente modificada ao longo dos anos e não contempla a real ocupação do território brasileiro. Assim, com a reforma, o Brasil terá mais força para proteger e gerir suas florestas, assim como fomentar a agropecuária sustentável.

Com isso, o país pode mostrar ao mundo que o seu modelo produtivo que integra produção de alimentos, fibras, florestas plantadas e bioenergia com conservação ambiental é um caso único no mundo, e que deveria ser seguido, principalmente pelos países desenvolvidos.

O novo Código não busca contemplar ambientalistas ou produtores rurais, não é isso que está em jogo, seu objetivo é, sem sombra de dúvida, proteger e zelar pelo meio ambiente, o crescimento do nosso país e acima de tudo o bem estar do povo brasileiro.


Glauber Silveira é presidente da Aprosoja-MT e da Aprosoja Brasil

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Para ecólogo, a agricultura é a guardiã do meio ambiente

7/11/2011

Para ecólogo, a agricultura é a guardiã do meio ambiente

Evaristo Eduardo de Miranda, agrônomo e ecólogo, coordenador da Secretaria de Acompanhamento e Articulação Institucional da Presidência da República
"Ainda existe o mito de que a agricultura é uma devoradora de espaços, engolindo florestas e cerrados"

Evaristo Eduardo de Miranda se preocupa com a relação entre agricultura e meio ambiente há pelo menos três décadas, quando passou a integrar a equipe da Embrapa Monitoramento por Satélite, em Campinas (SP), da qual foi chefe geral. Agrônomo e ecólogo pela Universidade de Montpellier, na França, ele percebeu a importância da sustentabilidade no agronegócio antes do tema tornar-se recorrente. Para ele, práticas agrícolas que levam em conta a biodiversidade precisam de técnicas e inovações, e não de crença ou boa vontade. Há dois anos, ele é um dos coordenadores da secretaria do governo federal que atua na prevenção de catástrofes, como crises ambientais, energéticas e alimentares. Esses são alguns temas de trabalho com que lida no dia a dia.

Globo Rural - A agricultura tem condições de ser parceira da sustentabilidade?
Evaristo Eduardo de Miranda - A sustentabilidade deve ser discutida levando em conta as mudanças que ocorreram na atividade nas últimas décadas. Há mais de 20 anos, a agricultura vive uma retração territorial constante de mais de 2 milhões de hectares por ano. Entre os períodos de 1986 e 2006, a área ocupada pelos estabelecimentos agrícolas diminuiu cerca de 45 milhões de hectares, ocupando cerca de 30% do território nacional. Mesmo assim, existe um mito de que a agricultura brasileira é uma devoradora de espaços, engolindo florestas e cerrados.

GR - Para quem a agricultura perdeu espaço?
Evaristo de Miranda - Para áreas que não podem ser mecanizadas, para as cidades que ocupam áreas agrícolas, para a infraestrutura do país, com estradas, hidrelétricas e redes de transmissão que comem o espaço da agricultura todos os anos. Além desses fatores, houve a criação de muitos parques, reservas, áreas protegidas. Somente as unidades de conservação ocupam 30% do território nacional. São todas áreas nas quais a agricultura deixou de existir. Com certeza, ela é menor do que foi há 40 anos.

GR - A diminuição do território agrícola não pressiona áreas que devem ser protegidas?
Evaristo de Miranda - De forma alguma. Entre 1976 e 2010, a área plantada com grãos no Brasil cresceu 27%, enquanto a produção aumentou 273%. Em um mesmo hectare, o agricultor produz, em média, duas vezes e meia mais milho, trigo, arroz, soja e feijão. Em 1970, um agricultor brasileiro produzia alimentos para 73 pessoas. Em 2010, o número saltou para 155 pessoas. O que acontece é que as áreas vêm sendo utilizadas de forma mais intensiva e tecnificada, com duas e até três colheitas por ano. Em 30 anos, o país deixou a posição de importador de alimentos para tornar-se um dos maiores exportadores mundiais de produtos agrícolas, graças aos ganhos constantes de produtividade. Por isso, insisto que sustentabilidade tem de ser discutida nesse contexto. Ela é uma questão técnica, e não de crença ou boa vontade.

GR - O produtor rural não encara a sustentabilidade como um fator limitante para sua atividade?
Evaristo de Miranda - Vai encarar como uma grande oportunidade, e não mais como pressão. Nos últimos tempos, os agricultores têm recebido mais por suas colheitas. E, se estão mais capitalizados, eles têm condições de pensar em conservação de solo e investir em tecnologias parceiras do meio ambiente. Durante décadas, o produtor se manteve descapitalizado, apesar de produzir alimentos cada vez mais baratos para a população. E quem se apropriou desse ganho todo? As cidades, que sempre tiveram na agricultura o financiador líquido para seu desenvolvimento.

GR - A agricultura pode exercer o papel de guardiã do meio ambiente?
Evaristo de Miranda - O papel da preservação ambiental da agricultura é gigantesco. Ela é capaz de apresentar soluções para conservação da água e da biodiversidade. Além de alimentos e fibras, ela garante uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo. Segundo dados do Balanço Energético Nacional de 2010, 47,3% da energia brasileira provém de fontes renováveis (cana-de-açúcar, hidroelétricas, lenha, carvão, biodiesel, etc.), em comparação a uma média mundial de 18,6%. Isso contribui para que o Brasil esteja entre as nações que menos liberam gás carbônico na atmosfera.

GR - Os produtores estão preparados para praticar uma agricultura que enfrentará cada vez mais as mudanças climáticas?
Evaristo de Miranda - Eles são os que mais estão preparados para isso. Em parte, por conta do acervo de variedades que o Brasil conseguiu formar. Existe soja para o clima frio, no Sul, e para temperaturas quentes, como no Centro-Oeste, por exemplo. Talvez o que iremos ver será uma mudança no uso das variedades conforme as regiões. Estudos da Embrapa já avaliaram que haverá redução de determinados cultivos, mas a expansão de outros. Os agricultores têm competência para lidar com isso, pois são muito bem informados. Eles estão na terra movidos por um compromisso maior, e não apenas por questão de oportunidade. Pena que às vezes sejam tratados como criminosos pelos que não viram a evolução agrícola no país. Essas pessoas ainda estão apegadas ao modelo do passado, de associar agricultura ao desmatamento.

GR - Mas esse modelo ainda não está completamente fora de uso.
Evaristo de Miranda - Nos últimos 20 anos, uma série de alterações da legislação ambiental, via decretos, portarias, resoluções e medidas provisórias do Poder Executivo, restringiu severamente a possibilidade de remoção da vegetação natural, exigindo sua recomposição e o fim de atividades agrícolas em áreas tradicionalmente ocupadas. Em termos legais, apenas 29% do país seria passível de ocupação agrícola intensiva. Hoje, mais de 71% do território são áreas protegidas. A média mundial é de 12%. Essas iniciativas não contemplaram realidades socioeconômicas existentes nem a história da ocupação do Brasil e causam um enorme divórcio entre legitimidade e legalidade no uso das terras.

GR - Como o senhor avalia a disputa entre ruralistas e ambientalistas em torno do Código Florestal?
Evaristo de Miranda - De novo, deparamos com nossa incapacidade de reconhecer a diversidade e a ocupação territorial do Brasil. É preciso levar em conta as áreas consolidadas nas quais a agricultura está há séculos, como os vinhedos do Rio Grande do Sul, as maçãs em Santa Catarina, o café em Minas Gerais e assim por diante. Mas o assunto precisa ser trabalhado com critérios técnicos. Pelos cálculos da Embrapa, se houver a obrigação de recompor essas áreas de preservação permanente, as APPs, o custo será de R$ 650 bilhões. Nas contas do Instituto de Pesquisa Agrícola, esse valor é de R$ 1 trilhão. Com certeza, o setor rural não tem como arcar com essa conta. É necessário melhorar a agricultura, reduzir seu impacto ambiental, mas contemplando as realidades que estão consolidadas. Não é possível compará-las com áreas novas de ocupação, como as do Piauí, Rondônia ou Pará, onde será necessário estabelecer restrições para que elas não sejam ocupadas de forma errada. A gente tem de levar para lá o que há de melhor - e não a agricultura predatória utilizada no passado.

Fonte: Globo Rural -  Janice Kiss

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Aspectos Ambientais da relação Campo & Cidade no Estado do Paraná

Serviço

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31/8/2010

Aspectos Ambientais da relação Campo & Cidade no Estado do Paraná

Aspectos Ambientais da relação Campo & Cidade no Estado do Paraná

Com certa frequência a sociedade tem entendido que os usos agrários dos solos provocam imensos, senão os maiores, danos ambientais que o Brasil tem sofrido. Desmatamentos, destruição da fauna nativa, degradação dos solos, poluição por agrotóxicos, poluição das águas e contaminação dos ares, além de violências às populações tradicionais de índios e quilombolas e exclusão de colonos agricultores. Enfim, se atribui às zonas rurais brasileiras a origem e a culpa dos maiores malefícios sociais e ambientais da Nação.
Há indícios que as populações dos grandes centros urbanos, cada vez mais distantes da roça, não respeitam nem reconhecem os valores das áreas rurais, e esquecendo-se de que ali se produz o alimento que as sustentam, mostram, pelas atitudes, desconhecer a profunda dependência que as populações urbanas tem das zonas rurais. Levados por ativistas ditos ecologistas, concordam passivamente que os proprietários rurais têm o dever e a obrigação de preservar a plenitude das áreas não urbanas.
Não somente boa parte da população, mas também uma parcela das autoridades e legisladores não raro se mostra insensível às necessidades que viabilizam a produção de alimentos, no volume e qualidade demandados pelo mercado interno e externo. Isso se nota pela desproporcional regulamentação legal e ações fiscais, aplicadas às zonas rurais, em comparação ao que ocorre nas áreas urbanas. Há evidente tolerância aos impactos causados ao meio ambiente e à sociedade pelas cidades. Ao mesmo tempo, se aprimoram medidas restritivas às práticas agrárias, cercadas por legislação que limita usos dos solos, das águas, de espécies de importante interesse econômico, impondo, por outra mão, aumentos da capacidade produtiva, tudo sob ameaças legais.
Ironicamente, à medida que os habitantes urbanos se afastam "da roça", também se alienam de sua responsabilidade com muitos fatores ambientais essenciais à própria qualidade da vida. Nas cidades águas são desperdiçadas sem maiores preocupações, não há efetiva preocupação com o lixo que é produzido, cada vez mais e com materiais tecnológicos de difícil degradação, menos ainda com a sua destinação; contamina-se despreocupadamente o ar e eliminam-se as possibilidades da vida silvestre que poderia haver nos rios, em suas margens e em remanescentes arbóreos urbanos.
Esta é a tônica do presente estudo, realizado com foco no Estado do Paraná, contratado pela Federação da Agricultura do Paraná com a com a A.Muller Consultoria Ambiental, assessorada por um grupo de professores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

Sem proteção cambial, soja perde valor -

Notícia

Sem proteção cambial, soja perde valor 3/11/2011

Sem proteção cambial, soja perde valor


Fonte: Gazeta do Povo - 03/11/2011
Dólar alto poupou mercado interno das quedas bruscas registradas na Bolsa de Chicago. Porém, com a moeda norte-americana abaixo de R$ 1,8, a renda dos produtores brasileiros tende a cair

O preço da soja segue abaixo dos patamares de 2010 pela primeira vez neste ano no Paraná. O mercado abre nesta quinta-feira pagando R$ 41,7 pela saca de 60 quilos da oleaginosa, valor 3,9% menor que o praticado em novembro do ano passado (R$ 43,4). Com a queda na cotação do dólar - que passou de R$ 1,89 para R$ 1,74 no último mês (-7,9%) -, o mercado interno passou a refletir a desvalorização in­­ter­­­­nacional da commodity registrada nos últimos meses. Os preços internos ainda são considerados bons, mas preocupam os produtores, que podem ter faturamento menor que o previsto no auge das vendas, entre fevereiro e abril de 2012.

Diante da crise que afeta mercados consumidores como Europa e Estados Unidos, a soja perde de­­manda e, consequentemente, cai de preço, explicam os especialistas. Isso só não ocorreria se os investidores apostassem mais na commoditys. Além da soja, o trigo e o milho perderam cerca de 20% de seu valor na Bolsa de Chicago em setembro. Em outubro, a oleaginosa teve a maior queda entre essas três commodities: 9,17%, na comparação com setembro. O milho caiu 8,21% e o trigo, 7,07%. O dólar valorizado diante do real vinha amortecendo esse efeito no Brasil.

A entrada da colheita americana no mercado e o avanço do plantio na América do Sul também contribuem para a derrubada dos preços internacionais, dizem o analistas. "As cotações estavam favoráveis até às vésperas do plantio da safra brasileira, mas entraram em colapso. O que ainda segura os valores é a demanda em alta e os estoques em baixa", aponta a economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) Gilda Bozza.

Os produtores que venderam parte da produção antecipadamente conseguiram melhores preços que praticados nesta semana. É o caso de Leucir Brocco, de Pato Branco, no Sudoeste do Paraná, que acertou em cheio. Com 400 hectares de soja e 200 de milho, ele comercializou durante o plantio 35% e 50% da produção esperada, respectivamente. Conseguiu vantagem de R$ 4 por saca de soja e de R$ 1 por saca de milho na comparação com os preços atuais. Na safra anterior, não havia trabalhado com vendas antecipadas.

Diante dos preços em queda, produtores como Dalci Martarello, de Vitorino (Sudoeste), gostariam de ter comprometido uma parcela maior da produção com negócios antecipados. Ele planta 60 hectares de soja e 45 de milho e vendeu, nessa ordem, 30% e 40% do que espera colher. No caso da oleaginosa, já tinha comercializado 50% da produção nesta época de 2010. Nos contratos que assinou, garantiu cotação de R$ 48 para a soja e R$ 24 para o milho, com vantagem de R$ 6 e R$ 1 por saca.

O dólar chegou a R$ 1,90 em 22 de setembro e hoje vale R$ 1,74. Os picos atingidos pela moeda norte-americana funcionavam com barreira protetora do mercado interno para os preços que seguem cotações em dólar. "O preço das commodities agrícolas é atrelado ao dólar, o que influencia os negócios. O pessoal está esperando a moeda encontrar um patamar de equilíbrio para analisar o que fazer", afirma o analista do mercado de soja Adriano Machado, da consultoria Safras & Mercado.
Incerteza

Oscilações desencorajam novas vendas

A queda do valor da soja tende a acentuar a tradicional entressafra de negócios entre o plantio e a colheita de verão. Os analistas ouvidos pela reportagem explicaram que os produtores fizeram bons negócios na safra passada e estão tendo custos de plantio relativamente baixos nesta temporada (pouco acima dos registrados em 2010, mas bem menores que a remuneração oferecida pelos grãos). Capitalizado, o setor não tem necessidade de vender a produção às pressas num cenário de preços oscilantes.

"Os produtores estão agindo como empresários rurais. Eles vão esperar e aproveitar os picos de preço para vender", diz a economista Gilda Bozza. O fato de as vendas antecipadas terem aumentado nesta temporada é avaliado como um fator positivo. Por outro lado, não estão descartados reajustes nas cotações nos próximos meses, que podem inverter o quadro atual.

As estimativas mais aceitas entre os especialistas são de que 30% da soja a ser colhida no início de 2012 no Brasil já foram vendidos. O índice está 8 pontos além do considerado normal. No milho, os negócios também teriam sido acelerados, passando de 20%. O Paraná estaria com taxas pouco abaixo das nacionais e ainda tem cerca de 10% da safra da soja e do milho da safra 2010/11 para vender. Boa parte das vendas antecipadas refere-se a contratos de troca, em que o produtor se compromete a entregar parte da colheita em troca de insumos, a um preço prefixado. (CG)

Fonte: Gazeta do Povo - 03/11/2011